domingo, 17 de maio de 2009

Iniciando o debate...

Através do presente trabalho, pretendemos analisar as estratégias utilizadas por jovens oriundos dos segmentos populares tendo em vista o acesso aos ícones de consumo, o que para muitos deles significa a possibilidade de efetiva inserção numa sociedade cujo indivíduo costuma ser valorizado por aquilo que possui, em uma lógica mercantil onde o “ter” se transforma em “ser” e a própria cidadania passa a decorrer da correspondência às exigências postas pelo mercado. As contradições presentes neste processo serão desanuviadas, considerando que, embora a tônica presente na contemporaneidade seja a multiplicação ilimitada de necessidades e o incentivo à sua satisfação imediata, poucos são os indivíduos que, efetivamente, podem responder a tais demandas, o que provoca sentimentos de frustração e, especificamente em relação aos jovens, traz implicações nas relações que estabelece com os seus pares e interfere no seu processo de construção identitária. Além da observação de jovens em espaços de consumo e lazer, a pesquisa pautou-se em entrevistas e questionários realizados com jovens em conflito com a lei, cumprindo medida sócio-educativa de semiliberdade no Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Menor (CRIAM), unidade do Departamento Geral de Ações sócio-educativas, situado no bairro da Penha, zona norte da cidade do Rio do Janeiro. Neste espaço procuramos verificar em que medida, estratégias como a inserção no tráfico, o furto e o roubo, assim como a entrada no mercado de trabalho formal como trabalhador pouco qualificado, ou mesmo no informal, são vistas por estes sujeitos sociais como caminhos para o alcance de seus desejos.