domingo, 5 de julho de 2009

INDO À CAMPO I

Esta atividade de campo realizada no dia 30 de maio deste ano, consistiu numa visita ao Madureira Shopping, localizado no subúrbio do Rio de Janeiro, buscando inicialmente analisar como jovens de camadas populares se inserem e se manifestam nesse espaço de consumo.

A escolha deste shopping especificamente se deu pela sua localização, próximo a dois complexos de favelas (Serrinha e Cajueiro), espaço residencial de segmentos populares, e por ser o maior shopping deste bairro.

Foram realizadas algumas abordagens com grupos de jovens que circulavam pelo shopping ou que ficavam parados em frente as vitrines das lojas observando as mercadorias e aqueles que saíam das mesmas após uma compra ou não. Ao longo dessas abordagens, fazíamos perguntas relacionadas à idade, local de moradia, fonte de renda ou meios de acesso ao dinheiro (formal, informal ou sem vínculo empregatício), como gasta ou utiliza esse dinheiro e preferência por marcas ou não e por quê.

A partir destas abordagens aos jovens, observarmos algumas questões:

Percebemos que alguns grupos de jovens paravam durante alguns minutos em frente às vitrines de determinadas lojas observando detalhadamente cada ícone de consumo ali exposto, os manequins, as roupas, os acessórios, etc. Chamavam também muito a atenção deles, a veiculação de imagens estáticas nas paredes das lojas, com estilos e padrões estéticos a serem seguidos (Ex. Um cara surfando com a “roupa de marca”, bronzeado, musculoso, exibindo uma linda mulher ao lado, etc).

Durante alguns momentos, jovens de grupos sociais e/ou faixa etárias distintas trocavam olhares e observavam como cada um se comportava e que roupas (e marcas) usavam como forma de comparação e disputa.

Observamos também que em grande parte, os jovens ao escolher as roupas que iriam comprar, preferiam aquelas que mostravam a marca de forma mais visível, como forma de ostentação perante o outro e o grupo.

Ao analisarmos as respostas dadas pelos entrevistados, percebemos que o consumo em sua maioria se direcionava a artigos da vestimentária, mostrando a importância da aparência e da estética como forma de se igualar ao grupo.

O consumo de bebidas alcoólicas esteve bastante presente na fala deles. Esse comportamento poderia ser entendido como forma de inserção no grupo social, fomentado pela mídia e meios de propaganda, nos quais são vendidas imagens daquele indivíduo que “se dá bem” e “conquista as mulheres” a partir do consumo destas bebidas.

Alguns jovens durante as entrevistas citaram ironicamente a prática do “155” (furto/roubo) como estratégia para estar consumindo bens de seu interesse. Observa-se aqui, uma naturalização do ato infracional no círculo social no qual está inserido, como meio de acesso imediato aos bens de consumo.

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